Portal Brasileiro de Cinema Segunda fase: crítico [...] e peças psicológicas (1936-43)
Segunda fase: crítico e repórter lírico, redator do Globo Juvenil e de peças psicológicas (1936-43) Caco Coelho A mulher sem pecado (1941) — a primeira peça escrita por Nelson Rodrigues, encenada em dezembro de 1942 com direção de Rodolfo Mayer, é a única que foi escrita em duas etapas: o monólogo final de Lídia só apareceu na segunda encenação, de 1946, que se tornou a versão definitiva. Construída em torno de uma mentira, a peça conta a história de Olegário, que elege como prioridade a fidelidade — o que importa é ser ou não ser traído. Os cenários tem a grandiloquência operística, de acordo com o métier de Nelson. A morbidez, a obscenidade do rosto e as inovações técnicas — como o uso do microfone para representar uma voz interior — são traços que despontam nessa peça e que o acompanharam por toda a trajetória. A opinião positiva de Manuel Bandeira foi decisiva para o reconhecimento obtido. Vestido de noiva (1943) — a segunda peça de Nelson foi encenada pela primeira vez no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em dezembro de 1943, pelos Comediantes, e dirigida pelo polonês Ziembinski. Destaque para os cenários de Santa Rosa, que reproduziam os Arcos da Lapa como arcos da memória. Obteve grande repercussão logo na estréia. Considerada o marco fundador do moderno teatro brasileiro — a peça O rei da vela, de Oswald de Andrade, que rompe a quarta parede, apesar de escrita anteriormente, só foi encenada em 1967. A história se passa durante um coma vivido pela personagem principal, Alaíde. (Roberto Rodrigues, irmão de Nelson, também ficou em coma antes de morrer.) As ações simultâneas, em tempos diferentes, eram uma total inovação nos palcos brasileiros. "Nelson é um poeta", diz Manuel Bandeira, ao se pronunciar sobre o texto. Outra montagem famosa foi a que teve Cacilda Becker no papel de Alaíde, e Maria Della Costa como madame Clessi. |