Suíça, 1954, p&b, 35 mm, 20’
Documentário sobre a construção da barragem da Grande Dixence, nos Alpes Suíços, filmado durante a fase de concretagem da obra. A narração, elaborada por Godard e pelo engenheiro Jean-Pierre Laubscher, exalta a monumentalidade da empreitada, que consegue domesticar a hostilidade do clima e do relevo.
Godard havia trocado Paris pela Suíça em busca de um salário melhor que o de crítico dos Cahiers du Cinéma quando, em 1953, encontra trabalho no canteiro de obras da barragem da Grande Dixence, nos Alpes, primeiro como operário, em seguida como telefonista. O projeto do documentário Opération béton nasce dessa experiência.
Uma pequena produtora de Genebra, a Actua-Film, emprestou a câmera para a filmagem. Filho de um dos fundadores do cinema suíço, Adrian Porchet fez a imagem, enquanto Godard operou o som – seu desejo era o de “gravar cada som em seu lugar real”, movido por um “verdadeiro fanatismo pela realidade”, conforme afirmou à revista Télérama. As filmagens ocorrem na fase de concretagem da barragem, iniciada na primavera de 1954. Os letreiros de abertura dão o tom: “uma parede de concreto alta como a Torre Eiffel [é] erguida por cerca de mil homens”. As imagens e o comentário conferem ao curta características de uma ode à engenharia moderna. O fascínio pelo monumento em construção é intensificado pela composição de Bach, que acompanha toda a montagem.
Antoine de Baecque sugere que Opération béton talvez seja o único projeto em que “Godard não trai uma encomenda (...), realizando um filme dentro de um gênero então na moda, a reportagem industrial”. No entanto, olhos e ouvidos acostumados à ironia godardiana encontram no entusiasmo do comentário e na grandiloquência dos planos certa dose do deboche e da provocação que se tornaram habituais em seu cinema. A campanha de concretagem é comparada a uma manobra militar – daí o título, Operação concreto. Fala-se dos quilômetros de esteira rolante necessários para transportar o concreto, dos 2.500 metros de altitude vencidos e da valentia das máquinas, capazes de triturar pedras enormes em segundos. O espectador pode, portanto, hesitar entre deixar-se seduzir pela veemência do elogio ou optar pelo riso, questionando: afinal, qual é o inimigo que se combate de maneira tão ferrenha?
Lúcia Monteiro
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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