França, 1962, p/b, 35 mm, 15’
Um ator famoso por papéis de sedutor é abordado por uma jovem atriz, que tenta em vão seduzi-lo. Ao chegar ao apartamento dela, a garota insiste, despe-se, circula nua, mas ele se cansa só de pensar que depois de fazer amor será preciso de novo vestir a roupa.
O princípio organizador do “filme ônibus”, como o denominam os norte-americanos, ou de filme em esquetes, termo mais usual em português, implica a heterogeneidade de realizadores e de propostas estéticas, unidos por algum fio que visa assegurar a unidade deles.
A preguiça é fruto de uma encomenda do produtor Joseph Bercholz, cuja intenção era capitalizar o fenômeno de época da Nouvelle Vague com esquetes dirigidos por nomes associados à onda. Ao lado de Godard, Philippe de Broca, Claude Chabrol, Jacques Demy, Sylvain Dhomme, Édouard Molinaro e Roger Vadim assinam curtas sobre Os sete pecados capitais, título que alinhava o conjunto.
A intenção original de Godard era representar a preguiça por meio de um único plano-sequência, que mostraria ao longo de dez minutos o ator Eddie Constantine deitado em um banco, ideia que Andy Warhol utilizaria depois com resultados mais experimentais em Sleep.
Limitações técnicas e de produção levaram Godard a adaptar a proposta para uma decupagem convencional.
Em vez de ilustrar uma ideia, Godard prefere povoar o esquete com signos de lassitude. O primeiro e principal é o automóvel, que a atriz contempla parado diante da fachada do estúdio, e que Eddie Constantine, em seu primeiro encontro com o universo godardiano, conduz no automático. Há preguiça também no jogo de sedução, exercício vazio que não se estende ao ato de amor, pois se cansa antes.
Fastio semelhante emana da locução de Constantine, que diz as falas em um modo mecânico e sem alma, e das atitudes dele ao ser reconhecido como famoso por um casal ou de sua inação diante da garota que se despe e se move incessante e desnecessariamente em torno dele.
Se a impressão é a de que Godard executa a tarefa com certa preguiça, o esquete também se pode ler como um estudo de figura, uma apreciação do corpo e dos gestos de Constantine “como um bloco sólido, um bloco de inteligência e precisão”. Isso faz de A preguiça um documento precioso, uma experiência que antecipa o modo como Godard filmará o ator em Alphaville(1965).
Cássio Starling Carlos
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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É expressamente proibida a utilização comercial ou não das imagens aqui disponibilizadas sem a autorização dos detentores de direito de imagem, sob as penalidades da lei. Essas imagens são provenientes do livro-catálogo "Godard inteiro ou o mundo em pedaços" e tem como detentoras s seguintes produtoras/ distribuidoras/ instituições: La Cinémathèque Francaise, Films de la Pléiade, Gaumont, Imovision, Latinstock, Marithé + Francois Girbaud, Magnum, Peripheria, Scala e Tamasa. A organização da mostra lamenta profundamente se, apesar de nossos esforços, porventura houver omissões à listagem anterior.
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