Itália/França, 1962, p/b, 35 mm, 20’
Após acordar de um longo sono, um homem descobre ser o único sobrevivente de uma explosão nuclear que alterou a ordem de tudo e pôs fim à lógica. A mulher que ama passou a se comportar de modo anômalo, e até mesmo ícones parisienses como o Arco do Triunfo e a Torre Eiffel deixaram de ser o que foram.
A ausência de um tema unificador faz de RoGoPaG um conjunto de esquetes que se veem melhor separados que reunidos. O título capitaliza, por meio das iniciais, as assinaturas de prestígio de Rossellini, Godard, Pasolini, complementadas pela estreia no cinema de Ugo Gregoretti, realizador egresso da TV italiana.
Para Godard, o interesse do convite feito pelo produtor Alfredo Bini consistia, primeiro, na possibilidade de ocupar um lugar ao lado de Rossellini, mentor do projeto de cinema moderno que a Nouvelle Vague levou adiante. O gosto godardiano pelo disparate, contudo, levou o diretor a assumir em entrevistas que estava realizando um projeto “anti-Rossellini”.
Escuta-se na declaração uma resposta à crítica feita pouco antes por Rossellini ao assistir a Viver a vida (1957): “Jean-Luc, você está à beira do antonionismo”.
Em vez de refutar a crítica, Godard acentua a influência em uma quase paródia do tema da incomunicabilidade, àquela altura uma etiqueta colada ao cinema de Antonioni.
O relacionamento em crise do par central também reverbera as turbulências sofridas no momento pelo casal Godard-Anna Karina, aqui traduzidas em declarações como “eu te ex-amo”. Em paralelo, a morte da lógica vem à tona no monólogo interior de um indivíduo cuja conexão com tudo e todos se perde sob o efeito de uma superexplosão atômica a 120 quilômetros de Paris.
O título ecoa uma declaração dada pelo físico Werner Heisenberg apontando a desaparição das relações lógicas de causa e efeito no mundo pós-atômico.
Apesar de as aparências permanecerem como antes, tudo e todos deixaram de ser o que eram, provocando, assim, uma suspensão da crença, um abalo da evidência. “Evidentemente? O que isso quer dizer?”, pergunta Alessandra. Um filme anti-Rossellini, sem dúvida.
Cássio Starling Carlos
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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