França, 1965, cor, 16 mm, 18’
Montparnasse-Levallois integra uma obra coletiva de cineastas franceses chamada Paris vu par. No curta, Monica envia por engano duas cartas trocadas para seus dois amantes, um escultor de Montparnasse e um mecânico de Levallois, e agora tenta reencontrá-los para desfazer o mal-entendido.
O que chama a atenção no curta-metragem Montparnasse-Levallois, logo nos créditos de abertura, é a menção a uma coautoria com o documentarista norte-americano Albert Maysles. Os créditos anunciam um “filme-ação, organizado por Jean-Luc Godard e filmado por Albert Maysles”. Montparnasse-Levallois foi feito em 16 mm com som direto, uma inovação tecnológica revolucionária na época e uma das forças de renovação do cinema, não apenas na França e nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
A presença de Maysles nos créditos de um filme de Godard em meados dos anos 1960 seria algo pouco significativo se não levássemos em conta o contexto polêmico e efervescente no qual se desenrolaram os debates cinematográficos no início daquela década em torno dos chamados Cinema Direto e Cinema Verdade, nos Estados Unidos e na França. Um dos pontos centrais do debate se deu em torno da mediação tecnológica nos processos de criação cinematográfica. Uma nova geração de câmeras e aparelhos de gravação sonora possibilitaram uma abordagem mais intimista e, sobretudo, menos invasiva dos eventos filmados. Uma estética da “câmera na mão” e do efeito de espontaneidade foi experimentada nos dois lados do Atlântico, com diferenças conceituais, evidentemente. A relação de Godard, por exemplo, e dos cineastas do direto norte-americano deu-se entre críticas e desencontros. Ao mesmo tempo que afirmara que Maysles era um dos maiores cameramans do mundo, Godard via os norte-americanos mais como tecnicistas do que verdadeiros artistas.
Montparnasse-Levallois foi filmado como um documentário direto, com a câmera habilmente conduzida por Maysles, em um princípio no qual o operador deve seguir a ação e não o contrário. O curta-metragem representa, assim, um pequeno elo entre duas cinematografias que antagonizaram os debates cinematográficos, sobretudo no campo do documentário, nos anos 1960.
Fernando Weller
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
Sugestão de Hotel em São Paulo, VEJA AQUI. Agradecimentos ao Ibis Hotels.
É expressamente proibida a utilização comercial ou não das imagens aqui disponibilizadas sem a autorização dos detentores de direito de imagem, sob as penalidades da lei. Essas imagens são provenientes do livro-catálogo "Godard inteiro ou o mundo em pedaços" e tem como detentoras s seguintes produtoras/ distribuidoras/ instituições: La Cinémathèque Francaise, Films de la Pléiade, Gaumont, Imovision, Latinstock, Marithé + Francois Girbaud, Magnum, Peripheria, Scala e Tamasa. A organização da mostra lamenta profundamente se, apesar de nossos esforços, porventura houver omissões à listagem anterior.
Comprometemo-nos a repara tais incidentes.
© 2015 HECO PRODUÇÕES
Todos os direitos reservados.