Itália/França, 1967, cor, 35 mm, 26’
Dois casais em um terraço. Um observa o outro, discutindo sua história de amor, a política, a possibilidade ou impossibilidade de escolher, de amar, de ser livre. Todos tateiam, aí incluído o cineasta, pensando na revolução.
O amor é um episódio do filme Amore e rabbia (Amor e raiva), rodado em 1967 mas só lançado em 1969 na Itália e em 1970 na França. O longa-metragem comporta também outro título, Vangelo 70, pois deveria propor que parábolas retiradas do Evangelho fossem reescritas (Godard faz referência àquela do filho pródigo). O sketch de Godard é a um só tempo um filme sobre Eros, uma investigação sobre a beleza, uma experimentação formal e uma reflexão sobre a incompatibilidade corneliana entre o amor e o dever político, relida nos termos da luta de classes que separa um revolucionário de uma burguesa. A esse casal de amantes se acrescenta, não sem criar um efeito de espelhamento, um casal de “testemunhas”, como se fossem representantes dos espectadores. Os homens são italianos, as mulheres, francesas, e cada personagem repete o que diz o outro em sua própria língua: da perspectiva brechtiana, todas as palavras adquirem então o estatuto de citação (para além das verdadeiras citações, sobretudo de Éluard, mas também de Bataille, Mao e Che Guevara). Ao mesmo tempo, o diálogo se revela irrealista e impossível, pois cada personagem diz o contrário do outro.
Na abertura, a canção “Prenons le temps” (1966), de Marie Laforêt, acompanha imagens que alternam flores e detalhes de nus filmados bem perto da pele, sob a luz palpitante do início do verão parisiense (essa beleza sensual ocasionará, aliás, uma série de cortes por parte da censura italiana). Há, nesse esforço em descrever os corpos e as flores como um pintor, algo que já anuncia o cinema de Godard dos anos 1980. Aqui, ele filma na varanda parisiense em que havia rodado a autocrítica Caméra-œil (Câmera-olho) (1967), transformando-a em um jardim do Éden, em que a nudez se pretende a busca da origem. Em O amor, o cineasta suíço explora uma perda da inocência: é a queda bíblica do Éden, mais do que uma promessa de salvação evangélica.
Dario Marchiori
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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