França, 1983, cor, vídeo, 25’
Enquanto se prepara para filmar Je vous salue, Marie (1983), Godard conversa com a atriz Myriem Roussel sobre seu método de trabalho, relaciona cinema e música ao lado da parceira Anne-Marie Miéville, faz alguns testes de cena e finaliza a escrita dos diálogos.
Fazer cinema, para Jean-Luc Godard, é também falar de cinema (não há um único filme seu que não seja criação e crítica da própria criação). A arte só lhe faz sentido se tratar da arte enquanto tal. O curta-metragem Petites notes àa propous du film “'Je vous salue, Marie”', realizado durante os preparativos para Je vous salue, Marie (1984), conjuga uma breve reflexão do cineasta sobre os rumos de seu trabalho e uma exploração inicial dos caminhos que o filme tomaria. Alguns registros demonstram, por exemplo, quanto o resultado final do longa-metragem acabaria se diferenciando das ideias expostas no curta (em especial a noção prévia de que o filme se estabeleceria na relação de Maria com o médico e a psicanálise).
Mais do que um pré-making of de Je vous salue, Marie, as Petites notes são tentativas de Godard de chegar ao essencial do que desejava no filme, de transmitir suas convicções a Myriem Roussel. A atriz dialoga com o diretor ora ouvindo instruções sobre o quanto Maria deve ser apresentada como alguém de gestos comuns (“Quero encontrar o extraordinário no ordinário”, resume Godard), ora questionando o cineasta sobre como e quando ele teve a ideia de filmar a história de uma figura bíblica sob o viés das tensões do mundo contemporâneo.
O curta se divide em pequenos capítulos, de modo relativamente didático (“José acredita na vida”, “Roteiro e música”, “Freud”, “O tema do filme”) que o aproxima de um aprendizado direto e acessível, como na conversa com Anne-Marie Miéville sobre o pensamento musical que pauta algumas das escolhas de Godard e as explicações a Roussel sobre vários usos possíveis de composições de Bach.
O último segmento traz algo estranho: após descrever a suposta cena derradeira de Je vous salue, Marie (que acabaria sendo radicalmente alterada), o diretor solicita ao público que o ajude no orçamento do filme: “Estamos pedindo nem mais nem menos do que precisamos: 300 mil francos suíços”. Algum chiste? Ou um apelo autêntico? Seja como que for, Godard logo faz outra de suas traquinagens críticas para encerrar a conversa e o curta: “É isso. Fade out.”
Marcelo Miranda
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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