França, 2004, cor, vídeo, 7’
Prière (2) pour refusniks (Prece (2) para refusniks)
França, 2004, cor, vídeo, 3’ 30”
Em um gesto de empatia política, Godard endereça duas cartas cinematográficas – de cunho antimilitarista – aos jovens soldados israelenses (denominados refusniks) que se recusaram a atuar nos territórios da Palestina ocupada.
Prière pour refusniks
A uma sequência de Les carabiniers, Godard superpõe a canção L’opression, de Léo Ferré. Assim que Miguel Ângelo, agora soldado do rei, é rendido pelo casal de partisans ao comando de “mãos ao alto!”, surgem os primeiros versos: ces mains bonnes à tout/ même à tenir des armes. Há uma reviravolta e o casal de guerrilheiros acaba rendido. Quando a moça cita Lenin, que chamara os burgueses de insetos daninhos, a canção quase encobre suas palavras. Prestes a ser executada, rosto coberto por um lenço branco, ela clama: “Irmãos”, irmãos, irmãos.” O pelotão de fuzilamento hesita, o comandante lhe permite pronunciar as últimas palavras, e ela escolhe o poema Admirável fábula, de Maiakóvski. Ela retira dos olhos a venda que as mãos de seus opressores lhe impunham e recita os versos, ora abafados ora entrecortados pela canção de Ferré: os mortos não estão mortos, eles se levantarão. Findo o poema, os tiros ecoam e a canção é como um epitáfio.
Prière (2) pour refusniks
Um triângulo verde e outro azul – um palestino, outro israelense – ameaçam, hereticamente, formar a estrela de Davi. Reenquadrada, surge a fotografia de um soldado empunhando uma arma; a câmera se move e mostra duas mulheres, rendidas. A essa imagem se superpõe o quadro de Niko Pirosmani em que um homem ameaça uma mulher com uma espada. Transfigurado em mártir, aparece o rosto do mineiro fotografado por Richard Avedon. A estrela azul é superposta à imagem das manifestações na praça Tiananmen, em que um homem desafia os tanques do exército chinês. Davi e Golias mudaram de lado. As palavras de Paul Zach, em alemão, são inscritas sobre a obra de Niklaus Manuel Deustch (La jeune fille et la mort): “Berlim dança com a morte/Jerusalém dança com a morte”. Qual refusinik recusaria essa dança macabra? Quem poderia promover a conciliação impossível, cifrada pelo letreiro final? Céu – escrito com o azul da bandeira israelense – contra Terra (com o verde da Palestina). Talvez, apenas um canto.
Cesar Guimarães
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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