Portugal / França, 2013, vídeo 3D, cor & p/b, 17’
Este é um dos três curtas produzidos para o projeto “3x3D”. Reúne imagens fixas e em movimento de inúmeros filmes, músicas e vozes, que ensaiam sobre a ciência e a tecnologia na sua relação com as sociedades e, em especial, com as artes e o cinema.
Realizado como uma espécie de prelúdio a Adieu au langage, primeiro longa de Godard com a tecnologia de volumização da imagem, este curta usa as três dimensões para pensar a um só tempo o cinema, a história da arte e a política das imagens. Ele o faz, sobretudo, por meio da montagem por colagem (ou, mais especialmente, por acúmulo), e da voz off inquietante do narrador.
O filme é um tríptico pictural que se estrutura em partes iniciadas, cada uma, com os dados sendo jogados, cada vez em outra perspectiva, nos dando a ver que o jogo nunca termina e que há sempre um deslocamento a ser feito.
A entrada de Godard no cinema 3D se dá pelas portas da experimentação. Mas sua arma principal é mesmo a ferrenha aposta na montagem como aquilo que é propriamente cinematográfico. Em Les trois désastres a montagem responde menos a qualquer narrativa ou efeito de realidade do que à discussão mesma sobre o 3D como um problema de expansão do espaço. Talvez seja por essa razão que a tecnologia 3D, ao contrário de ser uma (ou três) tragédia(s), apareça para Godard como mais um instrumento de fracionamento do espaço e do tempo cinematográfico.
Les Trois Désastres não é um filme contra o 3D, como poderíamos supor a partir do jogo de dados que introduz cada uma das três passagens do filme. É um filme sobre a história da arte, da imagem como um fenômeno do espaço tão fundamental quanto o da propagação do som como fato do movimento. É também, acima de tudo, sobre a evolução “daquele” monstro devida apenas à sucessão de micro eventos, às mutações que estão acontecendo aleatoriamente. Que monstro é esse? A história universal, lugar onde não há felicidade? Em Godard, as palavras são ruínas, incapazes de responder às perguntas fundamentais. O que é o ser humano? O que é a cidade? O que é a guerra? O narrador está numa situação impossível. Ele diz: minha vida está cheia de pessoas mortas, mas o mais morto de todos os mortos é aquele menino que eu fui. A catástrofe se faz diante da imagem da criança rendida, com braços levantados, no gueto de Varsóvia.
Beatriz Furtado
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
Sugestão de Hotel em São Paulo, VEJA AQUI. Agradecimentos ao Ibis Hotels.
É expressamente proibida a utilização comercial ou não das imagens aqui disponibilizadas sem a autorização dos detentores de direito de imagem, sob as penalidades da lei. Essas imagens são provenientes do livro-catálogo "Godard inteiro ou o mundo em pedaços" e tem como detentoras s seguintes produtoras/ distribuidoras/ instituições: La Cinémathèque Francaise, Films de la Pléiade, Gaumont, Imovision, Latinstock, Marithé + Francois Girbaud, Magnum, Peripheria, Scala e Tamasa. A organização da mostra lamenta profundamente se, apesar de nossos esforços, porventura houver omissões à listagem anterior.
Comprometemo-nos a repara tais incidentes.
© 2015 HECO PRODUÇÕES
Todos os direitos reservados.