RECUPERAÇÃO DO ACERVO (ETAPAS)
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Entre 2002 e 2004, foram feitas as primeiras visitas ao Acervo Primo Carbonari, as pesquisas iniciais para a estruturação do projeto, as reuniões na Cinemateca Brasileira para elaborar o plano de trabalho, a captação de recursos com os patrocinadores e as negociações com os apoiadores, além da produção do trailer de apresentação.
Em 2005, com início efetivo, o Projeto foi divido nas seguintes etapas:
Acordo de cooperação técnica com a Cinemateca Brasileira
A parceria com a Cinemateca Brasileira inclui o treinamento e a orientação dos estagiários que participaram do inventário dos materiais audiovisuais e da catalogação dos cerca de 20 mil rolos de filmes. A Cinemateca também estabeleceu os equipamentos e os materiais necessários para armazenamento, catalogação e visualização dos filmes.
Treinamento de estagiários
Período: março a abril de 2005.
Foram convocados a estagiar na primeira fase do Projeto (recuperação e catalogação de filmes, vídeos e papéis) estudantes das áreas de audiovisual, história e ciências sociais, da PUC e da USP, entre outras. Oitenta candidatos se inscreveram, e cinqüenta foram chamados à produtora para assistir ao trailer de apresentação do Projeto e realizar um teste de identificação visual com fotos de personalidades da época.
Antes do início dos trabalhos, os dezesseis estagiários passaram por um treinamento de duas semanas coordenado pela Cinemateca Brasileira. O treinamento incluiu material didático, palestras e aulas práticas sobre manuseio e catalogação de filmes, orientadas pela coordenadora técnica do Projeto, Fernanda Coelho.
Construção das Reservas Técnicas
Período: março a maio de 2005.
Os filmes do Acervo Carbonari estavam armazenados de maneira inadequada, com alguns em diversos graus de deterioração. O filme deteriorado exala no ambiente um ácido que prejudica os que estão em bom estado. Para interromper esta contaminação entre os filmes, foram planejadas e construídas duas áreas de armazenamento para acondicionar separadamente esses materiais. As Reservas Técnicas 1 e 2 possuem condições climáticas apropriadas para garantir a sobrevida dos filmes do Acervo Primo Carbonari.
A empresa encarregada da reforma realizou, entre outras ações, a retirada de maquinário pesado do interior da sala original, o rebaixamento do pé-direito e a instalação de canos para a troca de ar. Foram instalados dois aparelhos de ar-condicionado e dois desumidificadores. Foram também adquiridas sessenta estantes de aço com pintura eletrostática para acondicionar os novos estojos de polietileno de alta densidade.
Catalogação de documentos impressos e fitas de vídeo
Período: março a abril de 2005.
Equipe: 18 colaboradores, trabalhando diretamente no acervo.
Foram encontradas caixas de papelão com mais de 6 mil papéis impressos, relativos aos cinqüenta anos de existência da produtora Amplavisão de Primo Carbonari. Os documentos (certificados da censura, roteiros de filmes, cartazes e cartas pessoais) foram incluídos no processo de catalogação por fornecerem informações preciosas para a identificação dos filmes e fitas magnéticas. O material foi organizado em centenas de pastas e estantes, facilitando o processo de busca de informações durante a descrição do conteúdo dos filmes.
Simultaneamente à classificação dos documentos impressos, foram catalogadas fitas magnéticas nos formatos U-Matic e VHS, que também pertencem ao acervo. Esses materiais são de grande relevância, pois grande parte deste conteúdo não existe mais em película.
Inventário do Acervo
Período: maio a julho de 2005.
Equipe: 18 colaboradores, trabalhando diretamente no acervo.
O inventário dos filmes foi a primeira etapa realizada no processo de organização dos rolos de filme do Acervo Carbonari. Para interromper o processo acelerado de deterioração em que os filmes se encontravam, efetuamos uma ação dinâmica de classificação dos filmes apenas pela ponta e trocando as latas envelhecidas por novos estojos.
Os estagiários se revezaram em dois turnos de quatro horas para fazer o inventário de milhares de rolos de filmes do acervo. Sob a orientação da coordenadora técnica do Projeto e de sua assistente, as antigas latas metálicas foram substituídas por estojos de polietileno de alta densidade, e os filmes foram classificados por estado de conservação (1B – material apresenta alguns danos físico-químicos com comprometimento médio, 2B – material apresenta danos físico-químicos significativos e 3C – material apresenta deterioração do suporte de acetato de celulose (desplastificação) exalando ácido acético capaz de contaminar outros materiais); tipo de suporte (nitrato de celulose, acetato de celulose ou poliéster); de material (copião, negativo original, máster etc.); e identificados com etiquetas novas.
Os filmes foram acondicionados nas reservas técnicas 1 e 2, de acordo com seu grau de deterioração, o que possibilitou o início do mapeamento topográfico dos rolos. Após essa etapa, os filmes já se encontravam devidamente organizados, proporcionando o planejamento da etapa seguinte.
Catalogação do Acervo
Período: julho de 2005 a julho de 2006.
Equipe: 25 colaboradores em média, trabalhando diretamente no acervo.
A etapa de catalogação consiste em uma análise técnica detalhada e na descrição do conteúdo das imagens de cada rolo de filme que compõe o Acervo Primo Carbonari. Nesta etapa, fez-se uma análise dos rolos seguindo critérios de suporte, grau técnico e conteúdo. Os rolos foram desenrolados e analisados em uma mesa enroladeira do início ao fim. Para cada filme foi criada uma ficha de catalogação composta por 42 itens, dentre eles: metragem, janela, suporte, sistema, velocidade; grau de encolhimento; desprendimento da emulsão, reticulação da imagem, entre outros.
Após essa análise técnica, os filmes foram visualizados em uma moviola pela equipe de direção. As descrições de conteúdo, as observações da direção e os dados técnicos foram inseridos no banco de dados, agregando a este o conteúdo descritivo dos filmes.
Visualização de filmes e fitas
Período: julho de 2005 a julho de 2006.
Equipe: 25 colaboradores em média, trabalhando diretamente no acervo.
O material do acervo foi visualizado pela equipe de direção do filme. Para isso, foi montada uma sala de visualização na Heco Produções com aparelhos para reproduzir fitas VHS e U-Matic e uma moviola, aparelho utilizado para a visualização de filmes em 35mm e 16mm, com imagens em movimento e com som.
Documentos de controle foram criados para evitar extravio dos filmes em seu transporte até a Heco Produções. Toda semana, cerca de 250 latas de filmes foram transportadas entre o acervo e a produtora. Sob orientação da Cinemateca Brasileira, procedimentos de segurança para o manuseio dos filmes na moviola foram transmitidos a assistente de direção, que operava a moviola.
Foram visualizados mais de 700 horas de material, e selecionadas 125 horas, o equivalente a 1.183 rolos de filmes. Além de selecionar o material para o longa-metragem, a equipe de direção fez a descrição do conteúdo dos filmes. Estas preciosas informações serão incorporadas ao banco de dados.
Revisão dos filmes selecionados
Período: abril a novembro de 2006.
Equipe: 12 colaboradores em média, trabalhando diretamente no acervo.
A revisão consiste na preparação dos filmes selecionados para o longa-metragem objetivando deixá-los em condições de projeção no equipamento de telecine off line. Pelo fato de trabalharmos com filmes antigos em diversos graus de deterioração, foi necessário revisar todos os filmes antes de iniciar o telecine. Para capacitar os estagiários a desenvolver este trabalho, a restauradora Patrícia de Filippi, do laboratório da Cinemateca Brasileira, efetuou um treinamento com os estagiários.
A revisão incide em refazer ou fortalecer emendas originais, reparar e emendar rasgos nas perfurações e/ ou no quadro do filme. A equipe de revisão foi formada por estagiários e quatro profissionais com mais de 25 anos de experiência.
Telecine off line
Período: em fase de execução
O telecine off line consiste na transferência das imagens em filme para vídeo, possibilitando a montagem das imagens em um computador. Uma parte do material selecionado foi telecinado no próprio Acervo, e outra nos Estúdios Mega.
Remapeamento das reservas técnicas
Período: agosto a novembro de 2006.
Equipe: 6 colaboradores em média, trabalhando diretamente no acervo.
Todos os filmes catalogados possuem um número de registro. Além do registro, há o número de posição topográfica, que determina a posição em que o estojo do filme ocupa em uma das reservas.
O remapeamento envolveu a reorganização dos estojos, visando a otimização do espaço e a conferência dos rolos acondicionados nas reservas técnicas e corrigindo eventuais erros cometidos na catalogação. A conferência relaciona as informações contidas nos estojos e nas pontas de início dos filmes com o descrito no banco de dados.
Banco de dados indexado
Período: abril de 2005 a fevereiro de 2007.
A partir de reuniões entre profissionais de informática e a equipe do Projeto, definiu-se que o banco de dados seria feito com o programa WinIsis, o mesmo utilizado pela Cinemateca Brasileira.
Além das informações técnicas relativas aos filmes, o banco de dados contém a descrição de conteúdo dos filmes visualizados. Os registros que possuem descrição passarão por um processo chamado indexação, que consiste na atribuição de termos, a partir de um vocabulário controlado, que sintetize o conteúdo de cada filme. A indexação visa facilitar o processo de pesquisa dos filmes através do conteúdo.