Portal Brasileiro de Cinema / Carlos Hugo Christensen APRESENTAÇÃO   DEPOIMENTOS    FILMES    ENSAIOS    FICHA TÉCNICA    FILMOGRAFIA    PROGRAMAÇÃO    CONTATO

Recém completado o centenário de nascimento do diretor Carlos Hugo Christensen (Santiago del Estero, 1914 – Rio de Janeiro, 1999) tornou-se evidente a necessidade não apenas de uma homenagem, mas de um verdadeiro resgate das suas obras permitindo a redescoberta de uma das filmografias mais autênticas do cinema latino-americano. Talvez sua própria singularidade, não se aliando a nenhum movimento cinematográfico, favoreceu a negligência da historiografia, mas, justamente, a força de seus filmes está na capacidade de assimilar gêneros diversos com constante habilidade. Outro aspecto invariável na obra de Christensen está no aspecto autoral de seus filmes, característica que, aliada ao domínio técnico, traz ares de subversão aos gêneros clássicos. Mãos Sangrentas (1955), por exemplo, além de um excelente drama de perseguição é um dos filmes mais truculentos de sua época, chamando atenção para a violência realista de sua encenação, coisa que só viraria moda décadas depois. É uma entre várias obras para serem redescobertas e, sobretudo, saírem do status de culto e ganharem as salas de cinema propriamente ditas, afinal de contas, o último filme do diretor estreou há mais de 30 anos.

Dentro de uma carreira que se estendeu por sete décadas, Carlos Hugo Christensen lançou 53 filmes, principalmente comédias, melodramas ou filme noir, a maioria os quais ele mesmo adaptou, escreveu, dirigiu e produziu. Interessante notar a habilidade do diretor para a produção do chamado cinema de gênero, uma vertente cinematográfica bastante discutida atualmente e almejada, muitas vezes sem sucesso, por novas gerações de realizadores brasileiros e latino-americanos.

O trabalho de Christensen foi recompensado internacionalmente, com destaque para o Grande Prêmio do Festival de Cannes para La balandra Isabel llegó esta tarde (1950), a representação oficial brasileira no Festival Internacional de Cinema de Veneza com o filme Mãos Sangrentas (1954) e o Urso de Ouro do Festival de Berlim com Meus Amores No Rio (1958).

Postumamente, seus filmes continuaram a ser exibidos ao redor do mundo, mais recentemente no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa). Seu filme La balandra Isabel llegó esta tarde (1950), foi apresentado em Los Angeles –em junho de 2007– como a única produção de língua espanhola no 21st Annual Last Remaining Seats Series, evento anual de clásicos do cinema mundial, ao lado de filmes de diretores como Alfred Hitchcock, William Wyler e Howard Hawks.

A importância de seu trabalho, especialmente no que diz respeito à sua abertura a novas formas temáticas, classifica-o como verdadeiro pioneiro em seu campo artístico, tendo contribuído de maneira direta para a visibilidade internacional do atual Cinema Latino Americano. A Retrospectiva Carlos Hugo Christensen pretende assim, de maneira inédita no país, mostrar ao grande público a inegável contribuição deste cineasta para a indústria e para a história do cinema.

Eugenio Puppo



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