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O MANIACO DO PARQUE
2002-2009, SP. Cor. 74 min. Direção: Alex Prado

Um dos casos policiais mais marcantes no imaginário popular brasileiro recente, os crimes cometidos pelo homem que ficou conhecido como Maníaco do Parque ocorreram em fins dos anos 1990 e ganharam destaque na mídia: uma série de estupros e assassinatos ocorridos no Parque do Estado, em São Paulo. Seguindo uma tradição no cinema, a história de Francisco de Assis Pereira saiu das páginas policiais para as telas neste filme de Alex Prado. Trata-se do retorno ao cinema do veterano diretor, associado a produções da Boca de Cinema de São Paulo, com predileção pelos westerns, como Gregório 38, Sangue em Santa Maria, e policiais como Fuga das mulheres desesperadas.

Produzido em 2002, o filme foi concluído em 2009. A partir da história real e da história contada a Alex Prado pelo próprio Maníaco, enquanto preso, o filme apresenta justificativas para as ações do assassino: infortúnios que Francisco viveu entre a infância e a adolescência. O preconceito social, experimentado quando criança, o assédio sexual de uma vizinha e de um patrão, um acidente de bicicleta no qual um pedaço de madeira entrou em sua cabeça e que teria deixado sequelas – entre elas, a inclinação à violência gratuita –, além de desilusões amorosas.

Para completar o drama, o personagem tem seu pênis arrancado por uma ninfomaníaca em companhia de um certo Zé Pelintra, num cemitério, entre oferendas de feitiçaria, o que rende ao Francisco do filme, além do problema físico, uma assombração. A partir daí, um ser bestial, dotado de cornos, passa a atormentá-lo durante suas ações maníacas.

Assim, parece até compreensível quando Francisco diz que irá se vingar de todas as mulheres e parte para a ação. Surpreende a facilidade com que o personagem convence suas vítimas para uma sessão de fotos de moda no meio da mata. O que à primeira vista poderia ser visto apenas como simplismo do filme era, na verdade, característica real do Maníaco, isto é, perceber um ponto fraco nas vítimas – e elas realmente caíam na história.

A sucessão de mortes, se por um lado chama a atenção pela busca da crueza e do realismo, por outro se torna cansativa e longa, entremeada de modo confuso pela ação de outro motoqueiro maníaco, que estuprava no mesmo parque. É perceptível que alguns problemas próprios da precária construção do filme tenham redundado na dificuldade para o seu lançamento comercial. Mas merece destaque ainda a correta trilha sonora, realizada pelo maestro Gebara, e a inserção desta obra de Alex Prado numa tradição de filmes brasileiros sobre casos policiais de destaque na mídia, no mesmo rol de O crime da mala, de Chico Picadinho, e do Bandido da Luz Vermelha.

Alessandro Gamo



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