TODAS AS MULHERES DO MUNDO 1967, 35 mm, P&B, 86 min ![]() ![]() Ao encontrar o amigo Edu, solteirão convicto que não acredita no amor, Paulo conta a sua relação com Maria Alice: o início do namoro numa festa, os programas do casal, as traições, rompimentos e reconciliações. Enfim, por Maria Alice ele abandona todas as mulheres do mundo. Destaque para a narração cinematográfica cujo ritmo é moderno e o tom bem humorado. Leila gostava de falar de crianças, de seus alunos no início da carreira como professora primária. Seu sorriso ficava então infantil e levemente irônico, como o das crianças que sabem das coisas, mas fingem inocência para tranqüilizar os adultos. Revi agora este olhar e sorriso, em trechos de Todas as mulheres do mundo e Edu coração de ouro, filmes que tive a sorte de fotografar, dirigidos pelo seu então ex-marido Domingos de Oliveira. Nunca tive, ao filmar Leila, a impressão de trabalhar com uma atriz profissional, no sentido que normalmente se dá a esta palavra, mas sim com uma mulher que vivia de fato as emoções em que as situações do filme a colocavam. Um ser no qual a vida fluía. Godard chamava às pessoas como Leila de "animais cinematográficos" (dizia "animal", o que me parece inadequado e faria Leila soltar um belo palavrão...) A verdade é que filmar Leila era "documentá-la". Suas cenas com Paulo José, que revi, passam uma impressão de prazer raro em quem faz cinema: nenhuma tensão, e um "`a vontade" que convida o expectador a participar das brincadeiras. Leila detestava definições e tudo o que tentasse arquivar a vida em idéias, congelando o movimento espontâneo. No entanto, seus closes por vezes têm a tristeza de quem conhece os erros do mundo e quase descrê dos esforços para modificá-lo. Quase! Porque ninguém trouxe, na época, como Leila, a imagem do feminino tão fora de qualquer jargão libertário? Com sua altivez e palavras brincalhonas desconcertava os conservadores de então, através de seu estar presente de corpo e alma, sempre. E como dançava! Leila é a mulher moderna, infelizmente ainda rara, porque o mundo se atrasou. Mario Carneiro Direção: Domingos de Oliveira Roteiro: Domingos de Oliveira Direção de fotografia: Mário Carneiro Montagem: Raimundo Higino, João Ramiro e Paula Gracel Produção: Domingos de Oliveira Elenco: Leila Diniz, Paulo José, Ivan de Albuquerque, Flávio Migliaccio, Companhia produtora: D. O. Produções Cinematográficas e Saga Filmes |