Fotografia

 
Grande Otelo e Candeias.

Primeiro fiz cinema, aprendi tudo, depois fui fotografar. Porque eu acho que isso também é interessante. A primeira vez que eu pus a mão numa Rolleiflex acho que foi no filme Mulheres modernas. Depois, lá num dia qualquer, resolvi comprar uma máquina, mas eu já estava fazendo, acho, A margem. Fiz um bocado de fotos da rua do Triunfo, fotografei foto de cena para um bocado de gente.

Eu fiz um monte de fotos da rua do Triunfo porque eu tava por ali. Eu não sabia o que fazer com a porra daquelas fotos. Não custava nada, e eu fazia as fotos. Um dia uns caras disseram: “Vamos fazer documentários com essas fotos, o que você acha?”. Isso quando obrigaram a passar curta-metragem nos cinemas. Aí eu fiz os dois Uma rua chamada Triumpho, só que não deu a verba e disseram que o filme era um negócio muito doméstico. Isso era safadeza deles, não tinha nada de doméstico, era um cinema que estava acontecendo com um grande volume. Então os documentários não foram exibidos. O INC negou o certificado para exibição, porque aquilo era muito doméstico. Os documentários ficaram aí jogados; como não foram exibidos, não me pagaram e ficou tudo por isso mesmo. Houve essas exposições, como a do MIS, com toda aquela ousadia. Lá num determinado momento, eu tinha a idéia de fazer um livro ou um álbum, um diabo parecido com isso, de diretor de cinema brasileiro. Mas me pareceu difícil fazer o livro com fotos de diretores, de repente me pareceu mais simples e muito mais importante fazer um livro sobre a Boca: o que fez na fita, quem fez a fita, quem lançou, quem escreveu, o que é esse tipo de cinema.