Portal Brasileiro de Cinema  José Mojica Marins

José Mojica Marins

 

Em 1958, quando dirigia A sina do aventureiro, conheci Ozualdo Candeias, um fotógrafo e ex-caminhoneiro, que se tornaria um dos meus melhores amigos e também um excelente cineasta, hoje respeitado e admirado pelo mundo cinematográfico como um grande crítico da sétima arte, por empunhar a verdade de seus sentimentos. Em 1961, Ozualdo Candeias firmou definitivamente nossa amizade quando com maestria criou um roteiro a partir de um argumento meu, que se tornaria o longa Meu destino em suas mãos.

Em 1967, Candeias surpreende a todos e exalta a minha estima quando utiliza meus atores e meus estúdios para realizar um dos maiores clássicos do nosso cinema: A margem, filme que influenciou toda uma geração de cineastas, por sua nova estética, que, livre do formalismo, abre espaço para a experimentação. A margem, uma história surrealista sobre as misérias do rio Tietê, leva Ozualdo Candeias a ser premiado como melhor diretor do ano pelo Instituto Nacional de Cinema. Nascia assim o movimento hoje conhecido como Udigrudi ou Marginal, ícone criado e balisado por mim e por meu amigo Candeias.

Em 1967, ainda, fui convidado a fazer uma trilogia sobre os melhores episódios do programa Além Muito Além do Além e de imediato convidei meus amigos e diretores Luiz Sérgio Person e Ozualdo Candeias, que dirigiu o episódio O acordo da Trilogia do terror. Ozualdo Candeias tinha no sangue não só o dom de dirigir como também o de atuar. Em 1969, no filme Despertar da besta, representou brilhantemente um toxicômano, personagem que evidenciou seu talento como ator.

No final dos anos 80, tive o prazer de atuar junto a Candeias em As bellas da Billings, interpretando um crente pregador.

Ozualdo Candeias, um amigo que sempre me causou admiração e orgulho, um homem de grande sinceridade e profissionalismo.