SENHOR PAUER

Ficção, 1988, 35 mm, Cor, 15 min

 

 

Num dia de greve de ônibus, burguês pega carona na carroça de um catador de lixo e começa a explorá-lo até o limite.

Da paralisação de uma cidade por uma greve de ônibus ao choque das relações de poder e a paralisia das classes pobres. Com Senhor Pauer, Candeias vasculha a dependência e a sujeição presentes na relação entre ricos e pobres.

Realizado a partir de um argumento de Valêncio Xavier, e do curso de cinema ministrado por Candeias na Cinemateca de Curitiba, o filme parte da situação de greve no serviço de transporte da cidade, para acompanhar um casal com um bebê, que arrasta um carrinho de coletar papel pelas ruas. O casal, que anda pela região central, é abordado por um personagem rico (bem caracterizado pela roupa), que os obriga a transportá-lo. Esse é só o início da exploração, que inclui também o leite da criança para saciar a fome, e não contente com a utilização do serviço, aproveita um descuido do casal e vende o carrinho.

 

A divisão social na cidade é mostrada ainda pelos planos de pontos turísticos de Curitiba numa visão a partir da perspectiva da periferia. É lá onde o marido, sem o instrumento de trabalho e encostado num bar, é confrontado com uma proposta inusitada e chamado a reagir.

Aqui encontramos uma interpretação de Candeias sobre a possibilidade de revolução das classes pobres, semelhante àquela do final de Candinho. As proposições e perspectivas sociais são outras, mas a imobilidade persiste.

Alessandro Gamo

Direção, roteiro, montagem e fotografia: Ozualdo R. Candeias.

Produção: Francisco Alves.

Cia. produtora: Cinemateca Guido Viaro.

Elenco: Alunos do curso de cinema da Cinemateca Guido Viaro.