Portal Brasileiro de Cinema EAT ME
EAT ME 1975 . Lygia Pape A imagem como forma de indução ao consumo. O erotismo que cria o desejo e permite uma identificação falsa com o objeto de sedução. (Lygia Pape, maio de 2001). Eat me foi programado em vários tipos de suporte: primeiro fiz um filme, depois realizei duas exposições chamadas Eat Me: a Gula ou a Luxúria, nas quais tratei a mulher como objeto de consumo. A de São Paulo era muito bonita, porque a galeria era branca e permitia que eu a dividisse em duas partes: de um lado o vermelho e do outro o azul, ambos luminosos. Na entrada, você escolhia penetrar no vermelho ou no azul, e no meio de cada um desses ambientes coloridos havia um cubo com uma estrutura de ferro coberta com um tecido transparente, também cheio de lâmpadas, e dentro desses cubos eu tinha sacos com os objetos de sedução, que eram saquinhos cheios de objetos, como calendário de mulher nua, cabelo gênero pentelho, loções afrodisíacas, amendoim, espelhinhos com imagens, textos feministas (como se fosse uma contradição daquilo tudo). Não havia objetos nas paredes, que eram cobertas de lâmpadas; e você podia comprar esses saquinhos por um cruzeiro, o que também era uma forma de contestar o mercado de arte. Eu carimbava, beijava, marcando de batom cada um deles, e “assassinava”. Já no MAM-RJ, como o espaço era imenso, eu o fiz todo negro e ergui três tendas de plástico preto com palavras escritas em neon: “Eat me: a gula ou a luxúria”. Também vendia os saquinhos. Havia uma série de vitrines: uma forrada de cabelos com maçãs, com toda a parafernália que a mulher coloca para se transformar em objeto de desejo, como dentes, cabelos e seios postiços, cintas, cílios etc.; outra vitrina com fotos, e ainda outra com textos feministas. Lygia Pape Eat me tapera camelot vento eatme tapera camelot vento Produção, direção e edição: Lygia Pape Fotografia: Dileny Campos Música: Yoko Ono Elenco: Artur Banio, Claudio Sampaio |