Portal Brasileiro de Cinema EM CADA CORAÇÃO UM PUNHAL
EM CADA CORAÇÃO UM PUNHAL 1969 . Sebastião de Souza, José Rubens Siqueira e João Batista de Andrade Adaptando para o cinema a canção Coração materno (lançada por Vicente Celestino e regravada por Caetano Veloso), o diretor Sebastião de Souza recria no episódio Transplante de mãe a atmosfera de dramalhão da música, acentuando o aspecto grotesco. O campônio, por exemplo, não retira do corpo da mãe apenas o coração, mas também encontra ali uma série de produtos anunciados pela TV. O Tropicalismo se encontra com o Cinema Marginal, num exagero caricatural que contamina a tradição com uma versão irreverente, onde a cultura de massa e os objetos de consumo conquistam o primeiro plano. Em Clepsusana, a obsessão pelo consumo transforma-se em patologia — a protagonista não compra, mas rouba, os objetos que vê nas lojas. O filme aciona o imaginário urbano e pop da época, numa estratégia que inclui desde a colagem presente no título do episódio até a canção de Roberto Carlos que fecha a história em tom melancólico. O filho da televisão focaliza a cultura de massa, vista pelos bastidores. Acompanha as peripécias de um publicitário às voltas com o lançamento de um novo garoto-propaganda, que se torna amante de sua esposa. O filho que nasce dessa relação concretiza, literalmente, a metáfora corrente na época que dá nome ao filme. João Batista explora com felicidade a inserção de ações ficcionais em pleno espaço público, tirando proveito da reação das pessoas que circulam pelo local de filmagem. Essa experiência será retomada e intensificada pelo diretor nos documentários que irá realizar posteriormente, no projeto Cinema de Rua. Guiomar Ramos e Luciana Corrêa de Araújo
Cia. produtora: Lauper, Tecla, RPI 1º episódio: “Transplante de mãe” 2º episódio: “Clepsusana” 3º episódio: “O filho da televisão” |