Portal Brasileiro de Cinema CRISTAIS DE SANGUE
CRISTAIS DE SANGUE 1974/75 . Luna Alkalay Cristais de sangue constrói um mito calcado no real. O filme conta a história de personagens que procuram o seu lugar e a sua função em um certo quadro social e psicológico, tudo aparentemente difícil de situar dada a atemporalidade da narrativa. Por se tratar de um mito (e por isso a sua indefinição temporal), o tom de fábula é acentuado, mas, com um novo dado: o registro documental se faz presente com peso equivalente. Como a própria diretora define: “uma fantasia da realidade”. Os quatro personagens principais procuram seu lugar no mundo: o africano, que está à procura do pai; o coronel, que tenta entender seu papel como chefe e líder; o mouro-que-conta-história, mas que não é o narrador daquela em que está atuando, e Maria do Rigoletto (esta sim, a narradora do filme), que pede ao africano para ajudá-la a fugir da casa do coronel a fim de encontrar sua verdadeira vocação. Essa busca faz os personagens caminharem para um desfecho único, no qual todos encontrarão confirmados seus papéis nessa história em que não há lugar para o maniqueísmo. Retrato de uma geração que ainda discutia de maneira criativa e ampla as fronteiras entre o documentário e a ficção, Cristais de sangue é um filme que, por apresentar o desenho de uma época e um ideal para o “fazer cinema”, salta para além desse quadro, revelando-se, como sua própria narrativa, atemporal. Vitor Angelo Cia. produtora: Atalante Produções Cinematográficas Direção: Luna Alkalay Roteiro: Aloysio Raulino, Luna Alkalay, Caetano Lagrasta Fotografia: Aloysio Raulino Montagem: Plácido Campos Jr. Música: Kátia de França Elenco: Fernando Peixoto, Emanuel Cavalcanti, Ruy Polanah, Salma Buzzar, Tuna Espinheira, Waldemar Santana |