Portal Brasileiro de Cinema  O HOMEM DO CORPO FECHADO

O HOMEM DO CORPO FECHADO

1972 . Schubert Magalhães
Minas Gerais, 91 minutos, 35mm, cor

 
 

Pela segunda vez, este filme é incluído entre os filmes característicos do Cinema Marginal brasileiro. No entanto, não se trata de uma obra que se filie a esse movimento, marcadamente paulista e carioca, mas que manteve relações com ele, na medida em que foi contemporânea e apoiou-se na mesma base de produção.

O filme é de 1972, quando já se esgotava o Cinema Novo e a produção cinematográfica nacional buscava outros rumos, pressionada pela censura do regime militar e pela necessidade de se autosustentar, oferecendo ao público um produto mais comunicativo e menos politizado.

Sendo uma produção de concepção intrinsecamente mineira, resultado de um movimento tardio de cineclubistas e críticos que se aventuravam na realização cinematográfica, imaginávamos um filme que tivesse a ver com o nosso substrato cultural. A inspiração que imediatamente nos conduziu foi a grande literatura de Guimarães Rosa e o universo mítico do Grande Sertão, que já tinham rendido um bom filme paulista, rodado em Minas, com gente mineira no elenco e na produção: A hora e a vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos.

O homem do corpo fechado optou, porém, mais pelo páthos rosiano, o mundo do Grande Sertão, do que pelos dilemas metafísicos e existenciais tornados sensíveis pelo intelectual universalista que era Rosa. Ao contrário, o conflito fundamental foi buscado no cotidiano mineiro, mas solucionado à maneira dinâmica do western, com muitas cavalgadas, lutas corporais e duelos, tendo por fundo a geografia inóspita e o horizonte imenso.

A opção se mostrou acertada em todos os sentidos. O filme foi visto na época – avaliação que resiste até hoje – como uma obra genuinamente mineira, com características originais da nossa humanidade e do nosso ambiente natural e cultural, magnificamente traduzidas pelos elementos constitutivos da obra cinematográfica, como atuação, fotografia, música, cenários e figurinos, ordenados por uma direção e uma montagem vigorosas.

Isso só foi possível porque pudemos contar, para montar a produção em bases profissionais, com a infra-estrutura do cinema brasileiro daqueles anos, instalada no Rio e em São Paulo, que nos forneceu quadros e metodologias do Cinema Novo, da pornochanchada e do Cinema Marginal.

Victor Hugo

Cia. produtora: Filmes D’El-Rey Ltda.

Direção, argumento e roteiro: Schubert Magalhães

Direção de produção: Ivan de Souza

Fotografia: Osvaldo de Oliveira

Música: Tavinho Moura

Montagem: Mário Carneiro

Elenco: Roberto Bonfim, Esther Mellinger, Milton Ribeiro, Angelito Mello, Lorival Pariz, Jorge Karan, Ruy Polanah, Emanuel Cavalcanti, Jota Dângelo, Renato Andrade, Ivan de Souza, Miro Reis, Álvaro Cordeiro, Ernesto Moura, Sérgio Ricci, Assis Horta, Zenon Pinto, Geraldo Neves, Antônio Araújo, Geraldo Prudêncio, moradores de Conselheiro Mata, Senhora da Glória, Monjolos e Rodeador