AS LIBERTINAS 1968 . Carlos Reichenbach, Antonio Lima e João Callegaro Considerada uma das obras inaugurais da Boca do Lixo e do cinema dito “marginal”, As libertinas aborda um universo aparentemente corriqueiro e recorrente da classe média urbana brasileira: a eterna insatisfação diante dos compromissos amorosos cotidianos. E o faz retomando temas como casamento, ciúme, sexo, traição, desejo, tão caros por exemplo a um Nelson Rodrigues. Seus autores definiram o filme como uma espécie de manifesto de um “cinema cafajeste” e incorporaram o retrato cru e direto da libido nacional em sua face cruel, até então ausente das produções nacionais. A novidade estava em misturar referências à cultura brega, cosmopolitismo, continuidade e elipses inverossímeis, existencialismo, tropicalismo, fotografia “ruim”, mulheres nuas e um clima de filme B. A apresentação do desejo, do corpo, da perversidade, do voyeurismo e da hipocrisia surge sem subterfúgios ou mediação, colocando frente a frente traidores e traídos, protagonistas e consumidores. O despudor se pauta pelo prazer e pelo descompromisso, inclusive os que advêm do ato de filmar, descartando-se qualquer regra a priori. À liberdade do corte e da câmera somam-se a admiração por um certo cinema erótico de mercado e a perspectiva das personagens femininas de submeter-se a, romper com ou lutar por, seu objeto de desejo, subvertendo a lógica do conservadorismo atroz. A mesma situação, o mesmo perigo, três soluções diferentes. Hernani Heffner
Cia. produtora: Xanadu Produções Cinematográficas, Cinematográfica Franco-Brasileira Fotografia: Waldemar Lima 1º episódio: “Alice” 2º episódio: “Angélica” 3º episódio: “Ana” |